Por Gizele Monteiro – texto extraído do livro “Treinamento da Flexibilidade – sua aplicabilidade para a saúde”.
O período gestacional humano compreende diversas mudanças corporais, no qual a gestante sofre adaptações fisiológicas e anatômicas as quais são provocadas por necessidades funcionais e metabólicas (Jensen et al., 1996).
O abdome protuso, uma marcha gingada e lordose exagerada são aspectos familiares de uma gestação normal. O útero, de um órgão estritamente pélvico, com doze semanas torna-se um órgão abdominal, deslocando os intestinos e entrando em contato direto com a parede abdominal (Artal et al., 1990).
A orientação anterior do útero, que se expande dentro da cavidade abdominal pelo crescimento ventral do feto, o ganho de peso, aumento do volume de sangue, deslocam o centro de gravidade, o qual não cai mais entre os pés. A mulher precisa se inclinar para trás para ter equilíbrio (Brook et al., 2005), resultando em aumento progressivo da lordose lombar e rotação da pélvis sobre o fêmur (causando um esforço sobre a articulação sacroilíaco e do quadril). Isso desloca o centro de gravidade de volta sobre a pélvis, evitando uma queda para frente.
Para manter a linha de visão e também compensar a lordose lombar, inicia-se uma série de modificações posturais (Artal et al., 1990).
A estabilidade da gestante é obtida à custa de uma carga aumentada sobre os músculos e os ligamentos da coluna vertebral e essa pode ser uma das razões da dor lombar
ser tão comum na gestação.
Segundo Kisner & Colby (1992) e Gleeson & Pauls (1988) ocorrem as seguintes as trocas posturais:
- A lordose cervical aumenta e desenvolve-se um posicionamento anteriorizado da cabeça para compensar o alinhamento do ombro.
- A lordose lombar aumenta para compensar a mudança no centro de gravidade e os joelhos se hiperestendem, provavelmente pela mudança na linha da gravidade.
- Os ombros ficam arredondados com protração escapular e rotação interna dos membros superiores em razão do crescimento das mamas e posicionamento para cuidado do bebê após o parto.
• O peso transfere-se para os calcanhares para trazer o centro de gravidade para uma posição mais posterior (Gazaneo & Oliveira, 1998; Nyska et al., 1997).